quinta-feira, 7 de dezembro de 2017



Natal Africano

o há pinheiros nem há neve, 
Nada do que é convencional, 
Nada daquilo que se escreve 
Ou que se diz... Mas é Natal. 

Que ar abafado! A chuva banha 
A terra, morna e vertical. 
Plantas da flora mais estranha, 
Aves da fauna tropical. 

Nem luz, nem cores, nem lembranças 
Da hora única e imortal. 
Somente o riso das crianças 
Que em toda a parte é sempre igual. 

o há pastores nem ovelhas, 
Nada do que é tradicional. 
As orações, porém, são velhas 
E a noite é Noite de Natal.

 
Cabral do Nascimento


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